comunidades


Segundo Rogério Costa (2005), o conceito de comunidade vem sofrendo alterações, embora alguns autores tenham declarado a sua falência.
O autor não chega a estabelecer um conceito de comunidade, mas faz referencia ao conceito romântico que construímos, com as noções de "obrigação fraterna de partilhar as vantagens entre seus membros, independente do talento ou importância deles" ou a ideia de "compromissos de longo prazo, de direitos inalienáveis e obrigações inabaláveis [...]" lembrando que os "laços por proximidade local, parentesco, solidariedade de vizinhanças seriam a base dos relacionamentos consistentes". 
Estes não são mais os únicos motivos que nos levam a reunir em comunidades. 
Assim também as comunidades não precisam ter este caráter duradouro, de permanência no tempo. Aliás,  tempo que já não é o mesmo.
Não mais a proximidade geográfica, mas laços sociais e sistemas informacionais de troca de recursos, novas formas de associação, com muitas dimensões.
Tínhamos uma comunidade pela proximidade, mas isso seria suficiente para criarmos uma comunidade virtual?
Segundo Costa[2005], as comunidades virtuais são uma nova forma de fazer  sociedade, rizomática, transitória, desprendida de tempo e espaço, baseada muito mais na cooperação e trocas objetivas do que na permanência de laços.
Parece que nossas "trocas" neste sentido, foram bem objetivas e transitórias.
Já segundo a definição de Rheingold [1996], para que se constituam estas comunidades, são necessárias relações, que perdurem um tempo e com suficiente sentimentos humanos.
Comunidades virtuais
Para Lemos, duas formas de agregação eletrônica: [139]
  • comunitárias: onde existe o sentimento expresso de uma afinidade subjetiva delimitada por um território simbólico, cujo compartilhamento de emoções e troca de experiências pessoais são fundamentais para a coesão do grupo;
  • não comunitárias: os participantes nao se sentem envolvidos, sendo apenas um locus de encontro e de compartilhamento de informações e experiências de caráter totalmente efémero e desterritoriallizado. 
Para Castell e Wellman,
"[...] é necessário a construção de um novo conceito de comunidade, com menos ênfase no seu componente cultural e mais ênfase a seu papel de apoio social". [RECUERO, p.140]

"Para Wellman, o conceito de comunidade nao mais dara conta da sociabilidade hoje e tampouco dos grupos sociais atuais, que estariam mais caracterizados como rede." [RECUERO, p.140]

Para Recuero a comunidade virtual deve ser entendida em uma rede social:
"o conceito de comunidade na rede social seria mais apropriado porque permite o alargamento geográfico dos laços sociais. Além disso, a metáfora da rede também é importantíssima porque enfatiza a estrutura da rede, que é onde será encontrada a comunidade virtual." [RECUERO, p.144]

E o conceito de comunidade era tão simples...

Segundo Rogério Costa, é da natureza humana a parcialidade, e na formação de comunidades entram conceitos de simpatia e confiança que fazem parte do capital social.

Se as comunidades são resultado de nossa parcialidade, da simpatia, como articulamos as nossas? 
Lembramos sempre que estamos fazendo uma autocrítica. provocando uma autoavaliçao se preferirem.
Como estamos nas redes em que participamos? Elas chegam a formar uma comunidade? 
Estamos inseridos em rede, mas sempre a partir de uma rede menor de relações, o que poderemos chamar de comunidade virtual [clusters]. 
Que tipo de laços estamos criando?

Um comentário:

  1. Eu vejo a comunidade como uma rede de ocasião e interesse: por exemplo, hoje eu faço parte de uma rede de contatos pelo facebook, eles estão lá, um convite aqui, outro lá, e assim vai sendo aumentada a nossa comunidade; há confiança porque conhecemos a ramificação da outra pessoa da qual ela faz parte e assim por diante; há interesse nesta ocasião em manter tal pessoa no meu grupo; na verdade não nos utilizamos desta comunidade com laços fortes, mas laços ocasionais e interesseiros. O que acaba ligando mesmo é um FORTE sentimento de interesse, seja pessoal ou profissional.Porque precisamos aparecer no momento certo e atingir um objetivo naquele momento, naquela ocasião.

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